"A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original", Albert Einstein
segunda-feira, outubro 01, 2012
Do autor ao leitor
“Do autor ao leitor” é um longo ensaio baseado nas reflexões do escritor, professor e pensador Aguinaldo Gonçalves, sobre todos os procedimentos que envolvem o fazer literário, descrevendo as instâncias do ato criador. É um livro ainda inédito e o assunto foi tema do primeiro Café Filosófico do Clube do Livro Empório, da livraria Empório Cultural, no último dia 27. "A ideia de realizá-lo surgiu, como os demais trabalhos que realizei, da necessidade pessoal de cumprir uma espécie de 'missão do pensamento' para tentar responder à indagações do leitor comum sobre uma série de questões que nutrem as mentes aficionadas pelo livro e pela leitura", comenta o escritor. Acompanhe entrevista com Aguinaldo Gonçalves.
Parcerias do Bem - Como surgiu a ideia desse livro?
Aguinaldo Gonçalves - “Do autor ao leitor” consiste num longo ensaio baseado nas minhas reflexões sobre todos os procedimentos que envolvem o fazer literário, descrevendo todas as instâncias do ato criador. A ideia de realizá-lo surgiu, como os demais trabalhos que realizei, da necessidade pessoal de cumprir uma espécie de “missão do pensamento” para tentar responder a indagações do leitor comum sobre uma série de questões que nutrem as mentes aficionadas pelo livro e pela leitura. Quando o livro se encontra em fase terminal o autor, de sã consciência, não pode prever o lançamento. Tantas coisas são envolvidas entre autor e editor que fazer qualquer previsão seria declarar sua própria ingenuidade. Essa afirmação vai ao encontro da vontade que os entrevistadores têm de saber sobre a gênese da obra seja ficcional, seja ensaística. Cada obra surge de uma maneira; o que não se pode afirmar é que a obra tenha surgido de uma IDEIA. Os melhores trabalhos surgem quando se forma no espírito uma vontade imbuída de uma intenção criadora. Talvez possa afirmar que “Do autor ao leitor” tenha surgido de minha percepção do leitor na fila de autógrafos, nas noites de meus lançamentos. Sempre me chamou a atenção as expressões faciais e os olhares do leitor que traz nas mãos o novo livro e como ele aguarda para se aproximar do escritor. Sempre me chamou a atenção a delicadeza com que o autor teve de tratar o leitor que aguarda o autógrafo. Esse segredo que envolve um e outro (autor e leitor), esse mito que não pretende ser desvelado, maculado, sempre me chamou a atenção.
E foi por esse caminho que o livro foi evoluindo, passando pelo mundo do autor, pela relação entre o autor e seu editor, pelo mundo da obra e, finalmente, pelo mundo do leitor.
PB - Como se formam leitores e autores na atualidade?
Aguinaldo - Não existe um tempo para se formar um leitor. Para que um leitor seja leitor ele tem de ser alfabetizado, devidamente alfabetizado, para que melhor lhe desperte a curiosidade de compreender as coisas e para isso ler as coisas, mas antes de mais nada ler o mundo. Para isso o humano deve ter consciência semiótica, no sentido que ele entenda o mundo como forma de representação sígnica, marcada por índices e sinais. Quanto melhor for alfabetizado o ser humano, mais sua atenção se votará para a leitura e isso é instantâneo, automático. Atualmente o humano possui outras opções de leitura marcadas pela tecnologia; mas nada substituirá a foram mais concentrada, mais profunda que é a leitura de livros. Quanto à formação de autor, o caso é mais complicado. Responderia , sem sombra de dúvidas, que é impossível, a formação de autor. É como se, sem ritmo natural, alguém acreditasse que aprendeu a dançar em escola. Impossível. Irá sempre claudicar nos passos.
PB- Quais obras e escritores quem quer ter uma boa bagagem cultural não pode deixar de ler?
Aguinaldo - Não acredito em “bagagem cultural”. Não acredito em cânone, ou em autores cruciais. Esse assunto prefiro discutir em bate-papos, como o Café Filosófico da Empório.
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