As pessoas estão cada dia mais intolerantes e sem paciência: com o outro, com as diferenças e com as situações do dia a dia. É um absurdo o incidente ocorrido em Marília recentemente, quando um pai e um filho foram confundidos com casal homossexual, e agredidos. Temos que exercitar o fim do preconceito e da intolerância com a opção sexual do outro, com a crença religiosa, com as afinidades, gostos, chegamos ao absurdo de tratar diferente as pessoas pelo seu peso! Não existe fórmula, tem que ser um exercício constante de paciência, respeito e fraternidade, acredito. Acompanhe entrevista com a psicóloga cognitivo-comportamental, Mara Lúcia Madureira, Articulista do Parcerias do Bem, e que participa do programa Tolerância Já(inédito na quinta-feira, às 23h), a esse respeito.
- Como são desenvolvidas nossas intolerâncias?
Mara Lúcia Madureira - Intolerância é a inabilidade ou má vontade para reconhecer e respeitar as diferentes crenças, ponto de vistas e opiniões, com consequências prejudiciais às vitimas. É produto de preconceitos, da incapacidade para se diferenciar do outro e da crença de que outro deveria ser, pensar e comportar segundo nosso modelo.
A base da intolerância está no aprendizado social, onde se ouve e se vê a discriminação das minorias e, se internaliza um conceito de que aquilo e aqueles que se diferenciam das características do grupo mais próximo não pode ser aceito. A mente se restringe à aceitar somente o que é conhecido e aprende a repudiar o diferente.
- Por que as pessoas estão mais intolerantes atualmente? Isso é um fato ou apenas temos mais informação do que acontece?
Mara Lúcia Madureira - A humanidade sempre foi intolerante. A história nos mostra que discriminação entre grupos étnicos, religiosos, sexistas, etários, estrangeiros, portadores de necessidades especiais, quanto à orientação sexual e entre diferentes classes sócio-econômicas, etc., sempre existiram e só muda a roupagem na contemporaneidade, mas a essência é sempre a mesma.
A diferença que atualmente nos permitimos falar e discutir tais questões publicamente. Os preconceitos e intolerâncias deixaram de ser tabus e, as lutas pela aceitação das diversidades é mais intensa. Há também a questão do acesso à informação, estamos conectados o tempo todo e isso nos coloca mais próximo dos fatos.
- Como desenvolver mais tolerância?
Mara Lúcia Madureira - Aceitar que nossas crenças preconceituosas e nossas atitudes discriminatórias ou até mesmo hostis, nesse sentido, foram aprendidas e fundamentadas num contexto de ignorância e, reconhecer o quão limitadoras e nocivas se tornam ao longo da vida a fim de desenvolver motivação para modificá-las.
A modificação de crenças arraigadas na história de vida de um sujeito, não pode ser modificada imediatamente e de forma simples, mas através do conhecimento, da busca de ajuda e na prática diária atitudes mais dignas e humanitárias.
Se permitir entender as razões do outro é o primeiro passo para se livrar da ignorância que nos leva ao erro de julgar e discriminar aquilo e aqueles que não podemos enxergar por ter a visão limitada à nossas próprias experiências.
Todas as formas de crimes de ódio, preconceitos, discriminação mesmo não seguidos de violência física ou verbal, como o isolamento e exclusão, devem ser criminalizadas e punidas legalmente a fim de tentar fazer prevalecer o respeito aos direitos humanos de qualquer pessoa, sob qualquer hipótese e em qualquer circunstância.
Pessoas idosas, gestantes, com crianças ou com necessidades especiais devem ter seu direito ao atendimento prioritário respeitados na prática, assim como as vagas nos estacionamentos, os lugares nos ônibus e trens, e em todas as circunstâncias.
Os pais precisam aprender valores respeitosos para retransmitir e ensinar seus filhos sobre o respeito à família, ao próximo, ao ser humano em geral, aos animais, ao meio ambiente, à vida e a Deus. Moralidade e ética nas relações nunca fizeram mal a ninguém. A humanidade parece estar se esquecendo da importância de tais valores e a sociedade paga o preço desse pecado.
- Outra questão que achar relevante.
Mara Lúcia Madureira - A intolerância, o preconceito e a discriminação podem produzir conseqüências danosas às vitimas como rebaixamento ou perda da autoestima, instabilidade emocional, transtornos afetivos, problemas de identidade, entre outros.
Cabe às famílias, religiões e escolas ensinar valores mais nobres, dar exemplos de cidadania, civilidade e respeito às crianças. A sociedade precisa educar reproduzir e exigir de seus membros atitudes de respeito, aceitação da diversidade religiosa, orientação e identificação sexual, étnica, esportiva, sócio-cultural, regional, estrangeira, cultural, física e psicológica, entre outras.
Mara Lúcia Madureira
(17) 3234-6425
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